CACTACEAE

Rhipsalis hoelleri Barthlott & N.P.Taylor

EN

EOO:

169,129 Km2

AOO:

12,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

A espécie é endêmica do Espírito Santo, registrada para seis localidades da Região Serrana Central, quatro das quais são áreas protegidas (Cardoso et al., in prep. a).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor: Rodrigo Amaro
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv)+2ab(i,ii,iii,iv);D
Categoria: EN
Justificativa:

A espécie epífita ou rupícola, endêmica do estado do Espírito Santo, com ocorrência em localidades com cobertura vegetal associada a Inselbergues, composta por Floresta Ombrófila Densa Montana, na Região Serrana Central (Cardoso et al., in prep. a). É conhecida por seis subpopulações pequenas, com poucos indivíduos registrados em cada uma delas (Cardoso et al., in prep. a). Na subpopulação da Pedra do Garrafão (Santa Maria de Jetibá) foi registrado o maior número de indivíduos (cerca de 10), concentrados, principalmente, na mata do topo do inselberg e nas demais subpopulações foram contabilizados menos de 5 indivíduos maduros. Assim, estima-se menos de 250 indivíduos na população global, considerando um total de 30 indivíduos maduros registrados durante coletas recentes nas localidades visitadas. Além disso, em vista da especifidade de habitat em vegetação associada a inselbergues em altitudes entre 700 a 1350 m, a espécie naturalmente apresenta população severamente fragmentada e distribuição restrita (EOO=1.435 km²; AOO=24 km²). As principais ameaças a espécie são: atividades agrícolas, especialmente a cafeicultura como uma das principais atividades econômicas na região onde a espécie ocorre (Lani 2008; Cardoso et al., in prep. a); a exploração madeireira, alta no século passado (Thomaz, 2010), reduzindo o habitat das espécies de Rhipsalis, majoritariamente epífitas (Calvente 2011; Cardoso et al. in prep. b); a mineração considerando que a espécie ocorre sobre árvores em inselbergues, ou então crescendo diretamente sobre seus afloramentos (Cardoso et al., in prep. b), em áreas que concentram maior extração e produção de rochas ornamentais do Brasil (Sardou Filho 2013); e, dominância de espécies invasoras na Pedra do Garrafão (Cardoso, obs.pess.). Apesar da ocorrência da espécie em quatro áreas protegidas e de incluída na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Selvagens da Fauna e da Flora (CITES, 2016), os inselbergues do Espírito Santo não são legalmente protegidos, apesar do alto grau de endemismo e de considerados como áreas prioritárias para a criação de unidades de conservação visando à proteção da biodiversidade da Mata Atlântica no estado do Espírito Santo (IPEMA, 2011). Portanto, com base nas ameaças incidentes, infere-se um declínio contínuo de EOO, AOO, qualidade de habitat e de subpopulações, caso ações de conservação e de manejo das invasoras não sejam tomadas.

Último avistamento: 2016
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? New information
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi reavaliada a luz de novos dados, após redescoberta de sub-populações. A reavaliação foi realizada por indicação dos especialistas, Weverson Cavalcante e Cassia Sakuragui, para artigo de revisão taxonômica e como parte dos requisitos para sua dissertação de mestrado.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 NT

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Bradleya 13: 50 (1995). É facilmente reconhecida pela presença de flores com tépalas cor-de-rosa e pericarpelo submerso (Cardoso et al., in prep. a). Possui ramificação subacrotônica presente e segmentos caulinares de crescimento indeterminado, com 3-5 mm de diâmetro (Cardoso et al., in prep. a). Seus frutos são cor-de-rosa na maturação, ou ainda vináceos e fortemente opacos quando imaturos (Cardoso et al., in prep. a).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: As espécies de Rhipsalis possuem potencial ornamental (Souza & Lorenzi, 2012).

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Tamanho: circa 30
Número de subpopulações: absolute 6
Número de indivíduos na maior subpopulação: circa 10
Detalhes: Seis subpopulações são conhecidas para a espécie, com poucos indivíduos registrados em cada uma delas (Cardoso et al., in prep. a). Na subpopulação da Pedra do Garrafão (Santa Maria de Jetibá) foi visualizado o maior número de indivíduos (cerca de 10), ocorrendo principalmente na mata do topo do inselberg, além de um trecho na subida para esta mata; na Estação Biológica de Santa Lúcia (Santa Teresa) foram registrados três indivíduos; no Morro de São Carlos (Vargem Alta) foi visualizado um indivíduo em um fragmento de mata, e outro registrado na estrada de chão que leva à localidade, próximo à propriedades particulares; no Parque Estadual de Pedra Azul (Domingos Martins) foi registrado um único indivíduo maduro, e outros três imaturos que podem ser da espécie; no Parque Estadual de Forno Grande (Castelo) foram registrados cinco indivíduos ocorrendo numa única área de afloramento rochoso como rupícola (Cardoso et al., in prep. a).
Referências:
  1. Cardoso, W.C., Calvente, A.M., Dutra, V.F., Sakuragui, C.M. Redescoberta de Rhipsalis hoelleri Barthlott & N.P. Taylor (Cactaceae), uma espécie endêmica do Espírito Santo, Brasil. In prep. a.

Ecologia:

Substrato: epiphytic, rupicolous
Forma de vida: pendente
Longevidade: perennial
Luminosidade:
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa Montana
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Detalhes: Epífita ou rupícola, pendente. Habita localidades com cobertura vegetal composta por Floresta Ombrófila Densa Montana (Cardoso et al., in prep. a)

Reprodução:

Detalhes: A floração da espécie é registrada entre os meses de outubro a novembro, e a frutificação em outubro e novembro (Cardoso et al., in prep. a). As flores da espécie são hermafroditas (Barthlott & Taylor, 1995).
Fenologia: flowering (Sep~Nov), fruiting (Oct~Nov)
Estratégia: iteropara
Sistema sexual: hermafrodita
Sistema: unkown
Referências:
  1. Cardoso, W.C., Calvente, A.M., Dutra, V.F., Sakuragui, C.M. Redescoberta de Rhipsalis hoelleri Barthlott & N.P. Taylor (Cactaceae), uma espécie endêmica do Espírito Santo, Brasil. In prep. a.
  2. Barthlott, W., Taylor, N.P. 1995. Notes towards a monograph of Rhipsalideae (Cactaceae). Bradleya 13: 43-79.

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.1.2 Small-holder farming habitat,occupancy,occurrence past,present regional very high
O Espírito Santo é o segundo maior estado do Brasil na produção de café (Frederico, 2013), sendo a cafeicultura uma das principais atividades econômicas na região onde Rhipsalis hoelleri ocorre (Lani 2008; Cardoso et al., in prep. a). Dessa forma, a espécie sofre com a perda de habitat.
Referências:
  1. Lani, J.L. (coord.). 2008. Atlas dos ecossistemas do Espírito Santo. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 504 p.
  2. Frederico, S. 2013. Cafeicultura Científica Globalizada e as Montanhas Capixabas: a produção de café Arábica nas regiões do Caparaó e Serrana do Espírito Santo. Sociedade e Natureza 25(1): 7-20.
  3. Cardoso, W.C., Calvente, A.M., Dutra, V.F., Sakuragui, C.M. Redescoberta de Rhipsalis hoelleri Barthlott & N.P. Taylor (Cactaceae), uma espécie endêmica do Espírito Santo, Brasil. In prep. a.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3.4 Unintentional effects: large scale (species being assessed is not the target) [harvest] habitat,occupancy,occurrence past regional very high
A exploração madeireira no Espírito Santo foi bastante alta no século passado (Thomaz, 2010), havendo grandes impactos para as espécies ocupantes da Mata Atlântica do estado. Essa extração contribuiu para o avanço da devastação da cobertura vegetal no bioma, reduzindo assim o habitat das espécies de Rhipsalis, majoritariamente epífitas (Calvente 2011; Cardoso et al. in prep. b).
Referências:
  1. Thomaz, L.D. 2010. A Mata Atlântica no estado do Espírito Santo, Brasil: de Vasco Fernandes Coutinho ao século 21. Bol. Mus. Biol.Mello Leitão (Nova Série) 27: 5-20.
  2. Calvente, A.; Zappi, D.C.; Forest, F. & Lohmann, L.G. 2011. Molecular phylogeny, evolution, and biogeography of South American epiphytic cacti. International Journal of Plant Sciences 172(7):902-914.
  3. Cardoso, W.C., Calvente, A., Dutra, V.F., Sakuragui, C.M. Cactaceae do estado do Espírito Santo: Panorama atual e ameaças à sua diversidade. In prep. b.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 3.2 Mining & quarrying habitat,occupancy,occurrence present,past regional very high
O Espírito Santo ocupa o primeiro lugar no ranking dos estados com maior extração e produção de rochas ornamentais do Brasil (Sardou Filho 2013). Rhipsalis hoelleri ocorre muitas vezes sobre árvores em inselbergues, ou então crescendo diretamente sobre seus afloramentos (Cardoso et al., in prep. b). Assim, esta atividade intensifica a perda de habitat da espécie.
Referências:
  1. Sardou Filho, R., Matos, G.M.M., Mendes, V.A., Iza, E.R.H.F. 2013. Atlas de rochas ornamentais do estado do Espírito Santo. CPRM, Brasília. 352 p.
  2. Cardoso, W.C., Calvente, A., Dutra, V.F., Sakuragui, C.M. Cactaceae do estado do Espírito Santo: Panorama atual e ameaças à sua diversidade. In prep. b.

Ações de conservação (5):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Rhipsalis hoelleri ocorre na Estação Biológica de Santa Lúcia, nos Parques Estaduais de Forno Grande e de Pedra Azul e na Reserva Biológica Augusto Ruschi (Cardoso et al., in prep. a).
Referências:
  1. Cardoso, W.C., Calvente, A.M., Dutra, V.F., Sakuragui, C.M. Redescoberta de Rhipsalis hoelleri Barthlott & N.P. Taylor (Cactaceae), uma espécie endêmica do Espírito Santo, Brasil. In prep. a.
Ação Situação
3.1.2 Trade management on going
A espécie é legalmente protegida pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Selvagens da Fauna e da Flora (CITES, 2011).
Ação Situação
on going
A espécie é considerada "Deficiente de Dados" (DD), segundo a Lista Vermelha da IUCN ( Taylor & Zappi, 2013).
Referências:
  1. Taylor, N.P., Zappi, D. 2013. Rhipsalis hoelleri. In: IUCN. The IUCN Red List of Threatened Species 2013. Disponível em <http://www.iucnredlist.org/details/40872/0> Acesso em 10/11/2016.
Ação Situação
1.1 Site/area protection needed
A localidade da Pedra do Garrafão possui registro de ocorrência de uma subpopulação de R. hoelleri (Cardoso et al., in prep.). O inselberg possui alto grau de endemismo e é considerado uma área prioritária para a criação de unidades de conservação visando à proteção da biodiversidade da Mata Atlântica no estado do Espírito Santo (IPEMA, 2011).
Referências:
  1. IPEMA. 2011. Áreas e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica no estado do Espírito Santo. Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica, Vitória. 64 p.
  2. Cardoso, W.C., Calvente, A.M., Dutra, V.F., Sakuragui, C.M. Redescoberta de Rhipsalis hoelleri Barthlott & N.P. Taylor (Cactaceae), uma espécie endêmica do Espírito Santo, Brasil. In prep. a.
Ação Situação
2 Land/water management needed
Na Pedra do Garrafão existe alto índice de espécies invasoras (observação pessoal), e a localidade necessita de manejo.